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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

In memorial

Lembro com exatidão de quando a conheci, aliás, a ganhei.
Foi no meu aniversário de 5 anos, me trouxeram aquele ser tão pequenino, não chegava a 10 centímetros, tremendo, parecia tão aflita, tanto medo, aquela cachorrinha, com aqueles olhos grandes, para fora, eu nem podia olhar por muito tempo que tinha uma grave crise de risos.
Ela começou a perder o medo, a querer ficar perto de mim, e um sentimento recíproco começou a nascer era como chegar em casa sem encontrar aquele toco de rabo sem se balançar, fosse simplesmente não chegar em casa, não está completo, e foi assim durante 10 anos.
Sentar no chão e recebe-la em meus braços, ser lambida, e ser amada da forma mais sincera, era tão especial. Ela ficava tão feliz, não sabia se estava curiosa pra saber como havia sido o meu dia, ou se estava louca pra me contar como havia sido o dia dela. Só sei que ela rodava, pulava, brincava, está certo que 10 anos depois, seus pulos ficaram menores, sua energia parecia acabar mais rápido, a alegria já não era tão intensa, mas eu amava aquela pequena pirralha como se ama uma filha, uma irmã, uma amiga, um ser racional.
Hoje chego em casa, não escuto latido, não escuto aquele abanar de rabo, muito menos me sinto amada daquela forma intensa. Aquele amor que estava sempre lá, mesmo se eu passasse o dia inteiro sem nem olhar para ela, ela me amava da mesma forma, e ficava feliz só em saber que eu estava em casa.
Graças a Deus não vi quando seus olhos fecharam para nunca mais abrir, porque sinto que os meus se fechariam também. Nem cheguei a me despedir, não falei o quanto eu gostava de estar com ela, de brincar, esse é meu arrependimento, ter perdido a minha pequena dos olhos esbugalados sem poder abraça-la por uma ultima vez, sem deixar claro, que se não passavamos 24 horas juntas, não era porque eu não gostava dela, mas porque tinha outras coisas pra fazer também, mesmo que ela não entendesse, e como sempre me olhava piscando devagarzinho quando eu falava, como se soubesse exatamente o que eu queria dizer, e estivesse prometendo que não contaria a ninguém. Hoje só queria lêva-la pra passear, depois brincar, deixa-la comer as besteiras que tanto gostava, sentar e explicar que ela está partindo, para não ficar com medo quando tudo começar a escurecer, que ela coloque na mente uma imagem nossa, e poder falar olhando naqueles olhos: - Até mais minha pequena.



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(Confesso ter chorado ao fazer esse post, lembrando com exatidão todos os momentos.)

4 comentários:

  1. Digo o mesmo, também chorei! rs
    Tenho um cachorrinho, não consigo me imaginar sem ele... E prefiro nem tentar.
    Parabéns pelo texto, muito bom.

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  2. Amor é quando seu cachorro lambe a sua cara mesmo depois de um dia inteiro da sua ausência.
    Teu texto foi simples e puro, retratou fielmente, a relação entre cachorro e dono. Entre você e ela.

    Beijo :*

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